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Bactérias Gram-negativas resistentes aos carbapenêmicos, em especial as Enterobacteriaceae (ERC), têm papel de destaque no contexto das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). Principalmente relatadas em setores críticos hospitalares, as infecções/colonizações por ERCs têm como fatores de risco as terapias antimicrobianas de amplo espectro e o envelhecimento da população em geral. Por serem frequentemente resistentes a quase todos os antimicrobianos disponíveis, representam um grande desafio terapêutico. Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho destinou-se ao estudo da emergência de mecanismos de resistência à classe de β-lactâmicos, mais especificamente aos carbapenêmicos, na espécie Escherichia coli e a sua distribuição global, comparando com dados brasileiros. Também foi objetivo do trabalho discutir os esquemas terapêuticos propostos para o tratamento de infecções causadas por E. coli resistente aos carbapenêmicos e as diretrizes para o controle das ERCs nos setores específicos. Metodologia: Foi feita uma revisão bibliográfica narrativa por meio do levantamento da produção científica disponível, a fim de reunir informações relevantes para atender aos objetivos do presente estudo. Além da busca sistematizada por palavras-chave na base de dados do PubMed, grande parte da seleção da bibliografia utilizada consistiu em trabalhos científicos citados nos artigos inicialmente incluídos na pesquisa. Resultados: No Brasil, dados da ANVISA (2014) demonstraram um perfil de resistência para E. coli com 26,7% de amostras resistentes a cefalosporinas e sensíveis aos carbapenêmicos e 6,3% de amostras resistentes a ambas as sub-classes de β-lactâmicos. A Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é a carbapenemase mais encontrada em bactérias dos nosocômios brasileiros e distribuída globalmente. Outras carbapenemases de relevância clínica são as metalo-β-lactamases – MβLs – (VIM, IMP e NDM) e a oxacilinase-48 (OXA-48). Entretanto, esta última não é descrita no Brasil em E. coli. As enzimas KPC e MβLs, em E. coli têm ocorrência predominantemente hospitalar em indivíduos com comorbidades, enquanto que a OXA-48 apresenta importante prevalência em infecções comunitárias. Por ser uma bactéria comensal do intestino, a colonização por E. coli ERC é comum, sem a ocorrência de infecção, sendo frequentemente evidenciada sua presença por amostras de swab retal de vigilância. Discussão: As infecções causadas por ERCs são particularmente importantes nos setores críticos hospitalares, uma vez que nestes locais a circulação dessas bactérias entre pacientes graves é frequente, geralmente estão relacionadas a surtos institucionais, ao aumento do tempo de internação e ao aumento da mortalidade, que varia de 24% a 70% dependendo do estudo. E. coli resistente aos carbapenêmicos é frequentemente resistente a todos os antimicrobianos disponíveis, exceto às polimixinas, à tigeciclina e variavelmente a alguns aminoglicosídeos e à fosfomicina, representando um grande desafio terapêutico. Conclusão: A identificação de amostras ERCs por testes de triagem preconiza a aplicação de medidas rigorosas de controle de infecções, como precaução de contato e testagem de vigilância de pacientes colonizados. Num segundo momento, a caracterização do perfil de carbapenemases circulantes na instituição ou na região é fundamental para o estabelecimento de um perfil de suscetibilidade, abordagem terapêutica e prevenção de novos casos. No entanto, estudos feitos no Brasil são voltados majoritariamente para a pesquisa de KPC, o que dificulta uma avaliação detalhada do perfil de outras carbapenemases produzidas pelas amostras de E. coli resistentes aos carbapenêmicos isoladas em nosso país. |
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